Era 1º de maio de 2007 quando o artista visual Beeple (Mike Winkelmann) publicou na web a sua nova obra de arte digital. No outro dia, subiu para a web mais uma obra e durante cinco mil dias consecutivos iria produzir e publicar novamente. O resultado foi um painel, como uma colagem de milhares de imagens individuais, de cinco mil obras publicadas durante todos os dias dos 13 anos que se somaram para o resultado final.

O gran finale se deu em um leilão promovido pela casa de leilões Christie’s no dia 11 de março, quando a obra de 5 mil peças foi arrematada por US $ 69.346.250, aproximadamente 382 milhões de reais., com transmissão ao vivo para milhões de espectadores e possíveis compradores. Ao final, havia 22 milhões de espectadores on-line para acompanhar o leilão que é um marco na história capital da arte.
A venda coloca Beeple “entre os três artistas vivos mais procurados”, informou a Christie’s.
Christie nunca havia oferecido uma nova obra de arte da mídia desta escala ou importância antes. Adquirir o trabalho da Beeple é uma oportunidade única para possuir uma entrada na própria blockchain criada por um dos principais artistas digitais do mundo.
Noah Davis, especialista em Arte pós-guerra e contemporânea no Christie’s em Nova York.

As diferenças entre as primeiras e posteriores imagens revelam a enorme evolução de Beeple como artista. No início do projeto, “cotidianos” eram desenhos básicos. Quando Beeple começou a trabalhar em 3D, no entanto, eles assumiram temas abstratos, cor, forma e repetição. Nos últimos cinco anos, eles se tornaram cada vez mais factuais, marcando aos acontecimentos atuais.
“Eu quase olho para ele agora como se eu fosse um cartunista político”, explica Beeple. “Exceto que em vez de fazer esboços, estou usando as ferramentas 3D mais avançadas para fazer comentários sobre eventos atuais, quase em tempo real.”
Everydays: The First 5,000 Days é a primeira obra de arte puramente digital de Token não fungível (NFT)
Por que será que a colagem monumental Everydays: The Firts 5.000 Days tem chamado tanto a atenção da arte e suas perspectivas de comercialização? A resposta está na nova economia, ou na maneira nova de se realizar transações de moeda.
A obra foi vendida por um sistema denominado Non-fungible tokens(NFT) que é um arquivo digital cuja identidade e propriedade únicas são verificadas em um blockchain (um livro-razão digital).

Há uma sigla nova para descodificar. Com três letrinhas apenas se escreve NFT, ou seja non-fungible tokens. Quê!? Pode ainda não ter ouvido falar mas há gente a fazer muito dinheiro com estes activos digitais que, por contraste com a lógica disseminadora e democratizadora da cultura de Internet, são únicos e por isso não podem ser trocados.
(…) Na prática, o NFT é uma tecnologia que grava informação diferente em cada activo. Um registo NFT transforma qualquer criação digital (uma canção, uma imagem ou até uma publicação) num ativo único, exclusivo e com autenticidade certificada por uma rede blockchain imutável, tal como as criptomoedas. Depois, há que olhar para as consequências deste leilão.
Comunidade Cultura e Arte, em 12 de mar. 2021
Expanda seus conhecimentos sobre arte digital
Art Markets and Digital Histories
Esta Edição Especial de Artes investiga o uso de métodos digitais no estudo dos mercados de arte e suas histórias. A história da arte digital ou a pesquisa histórica facilitada pela tecnologia da computação em geral é onipresente na academia e cada vez mais apoiada por uma infraestrutura de seminários, workshops, redes, periódicos e outras plataformas para compartilhamento de resultados, troca de notas e desenvolvimento de críticas.

Como a riqueza de dados históricos e contemporâneos está se expandindo rapidamente e as tecnologias digitais estão se tornando parte integrante da pesquisa nas ciências humanas e sociais, é hora de refletir sobre as diferentes estratégias que os estudiosos do mercado de arte empregam para navegar e negociar técnicas e recursos digitais.
Hoje, vimos o quanto a arte mudou e o quanto a maneira de adquiri-la também. Portanto, espero que nossas sugestões de leituras extra tenham sido relevantes para você aprender um pouco mais sobre a economia na arte contemporânea.
Quer mais arte? Que tal dar um tour na galeria de arte da Lília para ver as suas obras em gravura em metal? Estaremos lhe esperando por lá, também. Boa arte, boa vida!
A Casa de Artes Visuais – Lília Manfroi – tem a curadoria de conteúdo da Vida digital – Equipe Editorial de Conteúdo e Estado da Arte.
