Artista visual chileno Alfredo Jaar mostra Lamento das Imagens no Brasil

Artista visual chileno Alfredo Jaar tem exposição no Brasil sob o título Lamento das Imagens, no Sesc Pompeia, com a curadoria de Moacir dos Anjos, até o dia 5 de dezembro de 2021.

A seleção da mostra é o resultado de quatro décadas de produção artística de Jaar, que conta com instalações, pôsteres e projeções de vídeos.

Lamento das Imagens.

Jaar é um ícone das artes visuais do Chile, e seu representante na contemporaneidade de artes visuais com referência mundial.

Por quatro décadas de intenso trabalho, conquistou uma integridade em tese de uma construção de arte com propósito de vida, ou que seja, ideológico. Por isso, a sua razão, conforme ele mesmo a posiciona, é a de “mudar o mundo”.

Sob essa causa, os efeitos são o seu engajamento com o cotidiano, os contextos perenes que marcam a vida, as facetas históricas das ruas, e pessoas, como os trabalhadores (ou quase escravos?) da Serra Pelada, no Brasil, os desastres com o povo de Ruanda e Angola, sob as condições de manutenção das desigualdades e os atos contra a humanidade deflagrados nos campos de refugiados na Ásia.

Lamento das Imagens – Lament of the images de Alfredo Jaar

Lament of the images – Lamento das imagens.

Lament of the images exposição que no Brasil ganha o nome de Lamento das Imagens o artista visual Alfredo Jaar examina e induz a uma reflexão sobre os poderes que controlam a produção, distribuição e interpretação de imagens.

A instalação apresenta uma tela em branco e três textos projetados que introduzem ao reflexo de implicações políticas do tema em vários contextos e que, em um próximo ato, é rompido abrupatamente por uma luz forte que é lançada de uma tela grande na sala escura.

Essa ofuscação que gera dificuldade de visão no público é como uma metáfora de processos de ocultação de imagens e da consequente necessidade de combater tal violência.

lamento-de-imagens-alfredo-jaar-exposicao-arte-visual-brasil

Não se trata, assim, para o artista, de suprimir o excesso de imagens, mas em pôr em cena a sua ausência; ausência de certas imagens na seleção das que interessa mostrar, segundo o critério dos responsáveis ​​pela disseminação.

Jacques Ranciére, filósofo francês.

O que se tem, de fato, é a ausência da imagem. Essa ausência é que é deflagrada e exigida como a metáfora de uma tela em branco, que mostra o quanto falta para compôr a imagem democrática.

Mais obras que compõem a exposição Lamento das Imagens

The sound of silence

Em The sound of silence (O Som do Silêncio), de 2006, Jaar monta um tipo de palco de represetação para a apresentação de uma única imagem que é baseada no registro fotográfico que rodou e impactou o mundo: a de uma criança definhando pela fome e um abutre a fitando, esperando um possível desfecho para a precária situação.

Fotografia de Kevin Carter que inspirou a obra The Sound of Silence de Alfredo Jaar

A imagem foi capturada pelo fotógrafo Kevin Carter no Sudão. Não bastasse a cena, para aprimorar sua verve de construção reflexiva sobre a vida, há um vídeo de oito minutos que promove mais argumentos sobre a situação que envolve a imagem. Assista ao vídeo da exposição a seguir.

The sound of silence.

Seus trabalhos não obrigam ninguém a tomar posições e atitudes, tão somente oferecendo entendimentos do mundo diferentes dos que refletem e alimentam os consensos e convenções que fazem a vida ser o que ela é em cada momento. São obras que interpelam e afetam o outro, mesmo que não seja possível saber, de antemão, os efeitos dos afetos que produzem.

Moacir dos Anjos, curador no Brasil.

You do not take a photograph. You make it.

You do not take a photograph. You make it (Você não tira uma fotografia. Você faz uma fotografia) é a exposição que tem como mote uma citação do fotógrafo estadunidense Ansel Adams (1902-1984). A frase de Adams se referia a legitimação da fotografia como forma de arte. Com o domínio da Jaar, na busca pela adaptação, o sentido ganhou a força de um novo significado, que pode ser manifestado como uma forma de discussão que envolve a imagem com relação ao poder que ela exerce.

São mais de três bilhões de fotos jogadas na Internet por dia e com essa imensa quantidade que rege a nossa atmosfera em formas e cores, o artista visual nos convida a pensar sobre as suas intenções “estou interessado na política das imagens porque as imagens não são inocentes.

Cada imagem contém uma concepção do mundo. Jaar nos impulsiona a considerar nossa a responsabilidade como criadores, divulgadores e consumidores de imagem.

You do not take a photograph. You make it.

Sobre a seu posicionamento político que imprime nas suas obras, Jaar cita o  o cineasta francês Jean-Luc Godard: Talvez seja verdade que temos que escolher entre ética e estética, mas também é verdade que não importa o que você escolher, você vai sempre encontrar as duas no fim de sua jornada.

Imagem do artista plástico visual Alfredo Jaar.  Visual Art Brazil.

Cultura é o nosso capital mais precioso, e os espaços da cultura, são hoje em dia todos os últimos espaços restantes de liberdade que permanecem.

(…)

O que me move é a curiosidade.

Eu sou artista porque não entendo o mundo e quero entendê-lo.

Veja mais obras, projetos e biografia de Alfredo Jaar.

Convite feito, a exposição Lamento das Imagens do artista visual chileno Alfredo Jaar está no Sesc Pompeia até o dia 05 de dezembro de 2021.

Serviço:

Lamento das Imagens – Alfredo Jaar

Local: Sesc Pompeia

Curadoria: Moacir dos Anjos

Até 5 de dezembro de 2021

Funcionamento: terça a sexta, das 14h às 20h. Sábado, domingo e feriado, das 11h30 às 17h30.

Agendamento de visitas: www.sescsp.org.br/exposicoes

Classificação indicativa: Livre

Grátis

Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93.

Acesse o portal do Sesc Pompeia.

LISTA COMPLETA DE OBRAS DA EXPOSIÇÃO NO SESC POMPEIA

  • Lamento das imagens, 2002 | Instalação multimídia
  • Geografia = Guerra, 1991 | 10 caixas de luz com diapositivos coloridos, 100 barris de metal, água
  • Fora de equilíbrio, 1989 | 6 caixas de luz com dispositivos coloridos
  • Claro-escuro, 2015 | Néon
  • Você não tira uma fotografia. Você faz uma fotografia. 2013 | Material impresso
  • Caminhando sobre as águas, 1992 | 6 caixas de luz com dois lados, 12 diapositivos coloridos, 30 espelhos emoldurados
  • Um milhão de pontos de luz, 2005 | Projeção e cartões-postais
  • Outras pessoas pensam, 2012 | Caixa de luz com diapositivo p/b e material impresso
  • Sombras, 2014 | Instalação multimídia
  • O som do silêncio, 2006 | Instalação multimídia
  • Cultura = Capital, 2011 | Néon
  • Roteiros, Roteiros, 2021 | Néon

A exposição faz parte da  34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mais eu canto , que poderá ser visitada no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque Ibirapuera.


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Vida digital –Equipe Editorial de Conteúdo e Estado da Arte

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